quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Novo membro do SKTG - Paula Su

Paula Su

No dia 26 de setembro, a Paula foi aprovada na prova de admissão a membro do Setsuo Kinoshita Taiko Group com aplausos eufóricos por seus companheiros e membros veteranos. Segundo a Mitchan (sensei do grupo SKTG), bateu muito mais firme do que antes de nossa partida ao Japão mostrando que treinou e se conscientizou muito neste período. 
Ela iniciou o curso há exatamente 1 ano e 1 dia, ou seja, realizou a prova na primeira oportunidade.
Parabéns Paula !!!

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Retorno ao Brasil e show em Ribeirão Preto (de 20 à 23 de setembro)

Metro em Soho
Enfim, terminamos com a graça de Deus a apresentação em Ribeirão Preto !!! Tivemos tantos contratempos para esta apresentação, mas acabou sendo um outro grande aprendizado !!
Tivemos que partir do Japão um dia antes do programado. Como dito no post anterior, um novo Taifu (tufão) estava chegando em nossa região e preocupados se conseguiríamos chegar a tempo a esta apresentação, resolvemos pegar um avião anterior rumo a New York, no dia 20 de setembro. Dito e feito; o aeroporto de Osaka fechou e não conseguiríamos pegar aquele vôo. Como chegamos um dia mais cedo a New York, resolvemos fazer um turismo a Manhattan e fomos a região do Soho para ver como anda a nova moda que influenciará o mundo. Logicamente, vimos muitas roupas e visual novo, mas o melhor mesmo foi experimentar a cerveja e um drink chamado Wattermelon que só se sente o cheiro das frutas, mas quando passa pela garganta é sabor de água. Foi uma coisa esquisita, mas interessante. Para fazer o translado, resolvemos ir de metro do aeroporto até Manhattan e não sabia que era daquele jeito. Quem está acostumado ao metro limpinho e iluminado de São Paulo, deve se assustar com o metro de New York pois lembra bastante do metro de Buenos Aires, só que com pessoas um "pouco" mal encaradas. Não sei se tem a ver por termos passado pelo Brooklin, mas o "malandro" americano é bastante amedrontador.
Wattermelon em primeiro plano
Bem, passando o estresse do turismo em New York, chegamos bem a São Paulo no dia 22. No mesmo dia realizamos o primeiro e último ensaio antes da apresentação de Ribeirão. Eu e a Mitchan pegamos o primeiro vôo do dia 23 para Ribeirão para poder descansar um pouco por causa do fuso horário, aguardando a vinda do restante da turma antes da montagem do espetáculo. Mas pela primeira vez nestes 10 anos que trabalhamos com esta empresa, a van deu problemas e ficou na estrada !! Quando chegou o horário marcado para o encontro, o Mozart, músico do Wadaiko Sho me ligou dizendo que estava a 200km de Ribeirão, com o problema resolvido. A montagem do palco que estava marcado para as 16:30hs, acabou sendo as 18:30hs e o show era às 20hs com o público entrando antes disso. Ainda bem que o Elias (motorista) correu muito, e conseguimos montar, passar o som e aquecer em 1 hora, coisa que fazemos no mínimo em 3 horas.
a partir da esquerda,
Mitchan, Álvaro, Mozart e Bruno
Apesar de tantos contratempos para esta apresentação, adoramos o público de Ribeirão Preto !!! Conseguimos "conversar" com o público sem barreiras, que encontramos de vez em quando em alguns locais. Conhecemos também o grupo de Taiko Yukio Yamashita de Ribeirão Preto e pudemos conversar um pouco sobre os aspectos da manutenção do grupo.
Agradeço também aos kenshuseis (músicos do curso intensivo do Wadaiko Sho) e ao Elias que, apesar de ficarem acabados após todos estes contratempos, conseguiram fazer uma ótima apresentação !!! 

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Japão de 14 à 20 de setembro

Trajeto para Wakakusayama

14/09
Hoje eu fui para a cidade de Nara para subir a montanha Wakakusayama.  Em 1996, quando estudava Medicina Oriental e trabalhava com massagem dos pés (reflexologia) aqui no Japão, resolvi fazer uma experiência caminhando descalço esta montanha. Na época tive como resultado um grande ganho de energia. Como estou me sentindo um pouco cansado com a correria do dia a dia, resolvi fazer este "turismo" para me estimular. Assim, caminhei quase 2 kilômetros e meio subindo uma trilha de pedregulhos. Levei 65 minutos para fazer este trajeto. Nunca senti esta pequena distância tão longa !! Para nossa equipe de corredores que fazemos este trajeto em um pouco mais que 11 minutos, aprendi muito mais coisas e achei interessante escrever aqui. Eu fui criado na cidade, quase sempre calçando um tênis. Para mim, cada pisada doía, mas era suportável. Entretanto, com o passar de uns 40 minutos, este suportável começou a dar raiva pelo incômodo que sentia. Foi a partir de então que começa a história. A visão da paisagem que eu estava curtindo com a subida, começou a se estreitar e toda a minha concentração se concentrou em onde pisava. Doía tanto que ao mesmo tempo que sentia raiva, criava um sentimento de paciência (Nintai) e isto fez com que minhas percepções ficassem mais aguçadas. Foi interessante observar que mesmo caminhando de olhos abertos, não estava enxergando mais nada e sentia todos os sons durante a caminhada. Ouvi sons de pássaros e insetos que nunca havia percebido. O vento, hora não estava presente, hora era muito sentida quando passava pelas folhagens, dando até medo, não por causa de sua intensidade, mas podia sentir até os graves e agudos de seu som. Percebi assim uma forma de aguçar a percepção de meus alunos quando dizem que não conseguem ouvir o shimedaiko durante a forte percussão de outros taikos maiores. O Nintai é necessário !! 

Topo do Wakakusayama e no fundo a cidade de Nara

Durante o percurso ainda conheci algumas pessoas que me incentivaram a continuar a caminhada sorrindo e aplaudindo. Além dessa calorosa percepção desta sociedade, senti outras reações no corpo também. Senti um sono tão forte, bem antes do horário de dormir, parecido quando estamos com o fuso horário trocado (já sentiram um sono incontrolável ??). A visão estava mais clara, além de bater o recorde de número de vezes que fui ao banheiro no dia seguinte !! Está aí uma forma de limpar o corpo para quem esta com prisão de ventre !!!! A experiência foi tão boa que estarei incluindo esta atividade ao meu menu de treinamento.

O Danjiri em frente a estação de trem Kishiwada

18/09
Hoje fui assistir ao Danjiri Matsuri que acontece em setembro de todos os anos em Osaka. O evento acontece no bairro de Kishiwada e tem uma tradição de 300 anos. A princípio, o evento tem um fundo religioso celebrando o Miyairi, onde é solicitado uma boa colheita, sem doenças e desgraças naturais. Mas o que atrai os turistas é o Yarimawashi onde deve se realizar uma curva de 90 graus a toda a velocidade do Dashi (carro alegórico) nas ruas estreitas de Kishiwada. Este Dashi é confeccionado em madeira Keyaki pesando toneladas, sobre rodas, puxado por uma corda de 100 metros, onde 500 pessoas do time participam do processo. É dito que a Deusa esta dentro do Dashi, mas é proibido a subida de mulheres no Dashi. As mulheres de até 18 anos de idade podem participar ao lado do Dashi, puxando-o ou incentivando os puxadores. Para realizar o Yarimawashi, é necessário uma grande experiência do Maeteko e do Ushiroteko. Os Maeteko controlam o breque das rodas dianteiras um do lado direito e outro do esquerdo. É necessário uma grande sincronia entre os Maetekos e assim normalmente isto é feito entre amigos muito íntimos. O Ushiroteko é composto de 20 à 30 pessoas que puxam a trazeira do Dashi através de uma corda, ajudando a rodopiá-lo para conseguir fazer a curva. Ainda, o Daikugata dança em cima do teto do Dashi para sincronizar todas estas pessoas neste processo.
Nas regiões das curvas é onde se concentram a maioria dos turistas e por ser um processo muito difícil e violento, sempre acabam em morte de algumas pessoas.
Fiquei admirado com este matsuri apesar de ver uma ambulância a cada 3 minutos. Eu observei as pessoas participantes deste processo e podemos dizer que são um tanto "diferentes" dos japoneses normais. Pude ver um espírito agressivo, grosso e mal educado. Mas o especial foi o espírito de união e responsabilidade que este pessoal tem para realizar esta façanha. Aprendi que uma pessoa pode ser especial mesmo sendo grosso e mal educado se apresentar um valor social. Normalmente uma pessoa como aquelas teriam pouca consideração numa sociedade, mas por serem tão especiais, acabam sendo Kakkoii (lindo) e assim, só eles conseguem manter um matsuri deste gênero. Inimitável !!!!

A partir da esquerda, Mitchan, Tayaichiro-sensei e Shota-sensei
19/09
Hoje tivemos um jantar com o Tayaichiro-sensei e Shota-sensei ao mesmo tempo !! Foi uma alegria reunirmos todos juntos pela primeira vez. Ambos sabem de nossa vida independentemente, um no mundo do Taiko e outro no mundo do Fue, desta vez as fofocas foram colocadas em dia diretamente. O pessoal do Kenshu do Wadaiko Sho devem se recordar como o Shota sensei bebe, quando ele foi com o grupo Nihon Ongaku Shudan ao Brasil. Ele disse que esta maneirando, mas.....

20/09
Nós íamos ficar no Japão até o dia 21, mas esta chegando mais um Taifu (tufão) na minha região e até ontem vários aeroportos foram proibidos de funcionar. Assim, ontem resolvemos de repente adiar a nossa viagem para hoje pois estamos com uma apresentação em Ribeirão Preto no dia seguinte que chegarmos ao Brasil. Não podemos perder este vòo. Ficaremos um dia em Nova Iorque e chegaremos como previsto no dia 22. Continuamos nossa história agora no Brasil !!!!

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Japão de 6 à 13 de setembro

Ambiente do nosso curso de Taiko com Tayaichiro sensei

6/09
Hoje tivemos mais um curso com Mochizuki Tayaichiro sensei. Continuamos estudando a peça Gekizaru. Como podem ver, as aulas são sentados em Seiza. Haja pernas !!
Tayaichiro sensei contou que nos viu na televisão de Osaka mês passado num programa onde executei uma peça com o Yuzo Akahori do shamisen. É um programa onde conta a vida de japoneses que vivem no exterior e neste capítulo contou sobre a vida da esposa de Yuzo. O Wadaiko Sho convidou os para uma apresentação em São José do Rio Preto e este show foi coberto pela televisão de Osaka.
A noite ainda tive mais um curso com Mochizuki Shota sensei. Já estamos ensaiando a peça Renjishi há quase 1 ano e meio e ainda não estou conseguindo a aprovação dele. Esta música é cheia de detalhes e regras, além de ter muitas partes de Nohkan (flauta Kabuki) e está difícil entender o que é regra e o que não é. 

Mitchan no Spa

8/09
Com Taifus (tufão) e com o calor daqui, fica difícil ter ânimo para sair para correr. Assim, consegui uma solução !! Encontrei um spa onde tem uma academia para se exercitar com ar condicionado e depois entrar no ofurô !! Em Asuka tem uma instituição de saúde chamada Taishi no Yu onde você se associa e tem ainda outros benefícios. Tudo isso por menos que R$ 120,00 por mês. Como é bom cuidar da saúde no Japão !! Costumava entrar neste ofurô com o pessoal do Wadaiko Yamato por ser vizinho deles, mas não sabia destas regalias. Agora estarei todos os dias aqui....

9/09
Hoje foi a comemoração de nossos 11 anos de casados. Assim acabando os ensaios, tiramos uma folga e saímos para comemorar !!!

10/09
Setsuo e Katsuji Asano em Mie
Hoje fomos pesquisar o Nono Nihon Taiko Matsuri no Ise-Jingu na província de Mie. É um evento promovido pelo Asano Taiko e tem como convidados vários músicos profissionais e semi-profissionais. Encontramos novamente com Katsuji Asano. Neste período de um mês, nós nos encontramos em Stanford no North America Taiko Conference, em Tokyo no 10th Tokyo Kokusai Taiko Contest e agora em Mie. Ele foi ao Brasil há mais de 15 anos atrás para trocar as peles dos taikos do grupo Tangue Setsuko Taiko Dojo. Um dia ainda aprontaremos algo juntos.....

Ensaio de nossa sobrinha...

11/09
Ontem foi aniversário de nossa sobrinha e hoje da minha sogra. A aniversariante comemorou fazendo uma apresentação de Eufonium para a família. Ela estuda na Orquestra colegial Takamado Koukou e está participando da final do concurso internacional de orquestras colegiais em Osaka. Assim, quando vem para casa, temos que ficar ouvindo uma "tuba" o dia todo.....

12/09
Hoje recebi uma partitura nova de Shota sensei !!! Niwaka Jishi (vídeo em anexo). Mas ainda não terminamos a música Renjishi.

Mesmo numa biblioteca daqui do interior
tem muitos livros para pesquisar sobre
música Japonesa !! Maravilhoso !!

13/09
Hoje fomos aprovados por Tayaichiro sensei e iniciamos a mesma música que iniciei com Shota sensei. NIwaka Jishi. 
Esta música foi apresentada pela primeira vez em outubro de 1834 e mais tarde dançada para Nihon Buyou. Foi composta por Kineya Roku Saburo e tem aproximadamente 18 minutos de duração (é por isso que este gênero musical é chamado de Nagauta, que significa música longa.....).
Antigamente um prostíbulo era chamado de Yoshiwara. Num desses locais era realizado um evento de 30 dias ensolarados a partir do dia 1 de agosto, onde gueixas e afins se mascaravam e dançavam músicas da atualidade. Este evento era chamado de Yoshiwara Niwaka. Niwaka Jishi foi composta pela mistura do Yoshiwara Niwaka e Shishimai (dança do leão) e é apresentada tendo o Yoshiwara como fundo, a dança Shishimai e o Tekomai (dança realizada em frente a um Dashi ou Mikkoshi por mulheres fortemente maquiadas com pó branco), normalmente exibidas com danças no estilo das Gueixas, mas às vezes apresentadas como Suodori. O que deve ser notado no dançarino é o quanto ele consegue expressar o Iki e o Sharekke (postura e expressão) de um Edokko (cidadão de Tokyo).

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Japão de 1 à 5 de setembro

Rio Kumano que corre ao lado do templo


2 à 5 de setembro
Fui para a cidade de Shingu na província de Wakayama para comemorar os 120 anos da fundação do templo onde eu morei por um ano em 1992. Encontrei me com o grupo do Brasil  que chegou ao Japão semana passada para esta finalidade e fomos em 2 ônibus fretados. Na verdade, eu fui contra a vontade de minha esposa pois para quem acompanhou a rede de TV NHK no Brasil, viu que um Taifu (tufão) dos grandes estava se aproximando do Japão. Assim, ela preferiu ficar em casa e fui sozinho. Partimos, com o ônibus balançando por causa da forte ventania, vimos as ondas do mar muito agitadas, o rio das cidades bastante alto, mas não ficamos alarmados. Entretanto, ao chegar ao ponto final, fomos informados que por uma diferença de 15 minutos, os veículos que estavam vindo atrás de nós, foram proibidos de continuar a viagem. Com o passar do dia, o rio Kumano que fica ao lado do templo, começou a encher cada vez mais e na manhã seguinte alagou a cidade toda. Como moramos numa parte alta da vila, só o subsolo foi alagado, pois fica ao lado do rio. Ficamos ilhados, ou seja, não podiamos sair e nem as pessoas chegar ao templo. Assim, realizamos a missa somente com as pessoas que estavam no local. Estávamos em aproximadamente 400 pessoas, mas esperava-se a presença de mais de 7000 pessoas. Quem acompanhou o noticiário no Brasil, deve ter visto quanta catástrofe este Taifu trouxe a região, mas nós só tivemos o desconforto de não poder sair e ficar sem o estoque de água. Assim, não pudemos tomar banho, não podiamos usar o banheiro, passamos 2 refeições só com oniguiri (bolinho de arroz) e tsukemono (conservas), ou seja, fizemos o racionamento de água dentro do templo, por não saber quanto tempo ficaríamos ilhados com estas 400 pessoas. Houve várias outras medidas que não convém contar aqui e que contarei pessoalmente a quem me contactar. Assim, deixo a mensagem dada pelo Daikyokaityosan (padre maior de nosso templo).
Ele lembrou que nada é Atarimae (vem ao acaso). Em um Japão onde tudo é bem estruturado, com água, ar condicionado, comida e bebida fácil, sentimos o quanto somos frágeis só com este acontecimento. Ele citou o som forte da correnteza que gritava ao lado do templo, dizendo que em vez de temer, para encararmos como um incentivo. Como estávamos "comemorando" os 120 anos, fez nos conscientizar da dificuldade do início desta construção, onde não haviam o conforto citado acima. Como não havia trens na época, o fundador do templo caminhava para ir até a cidade de Tenri que tem 200 quilômetros de distância. Eu tive a oportunidade de ter esta experiência em 1992 caminhando 40 quilômetros por dia, carregando as barracas e mantimentos nas costas, completando o trajeto em 5 dias. Este "sofrimento" me despertou na época um sentimento de gratidão só de beber água. O cansaço pelo esforço físico, o sofrimento em caminhar montanhas na chuva e no sol, me fez enxergar os valores que estamos tão acostumados no dia a dia, que passam despercebidos. Esta nova experiência em ficar ilhados, a palestra em relembrar que as coisas funcionando bem não é ATARIMAE me fez lembrar a profundidade de sentir a força da vida e a necessidade do trabalho do outro.


Eu ia retornar para casa no dia 4, mas as linhas de trem em ambos os lados da estação de Shingu foram destruidas e levarão semanas para o seu conserto (isso porque o Japão é rapido, imaginem o estrago !!). As 3 estradas principais estão interditadas porque houve desabamento (como dito acima, o caminho é cheio de montanhas). Assim, só consegui voltar para casa de carro no dia 5, após baixar as águas na saída do templo, pelo caminho do mar, driblando as passagens interditadas. Que sufoco !!!
O rio Kumano e a cidade ficaram na mesma altura.
Subiu 8 metros

quinta-feira, 1 de setembro de 2011